quarta-feira, agosto 27, 2014

Tarde demais!

Gostava ter chegado mais cedo…

Gostava de te ter mostrado a Lua, como ela influencia o Mar, como os Amantes se apaixonam no seu espelho. Gostava de te ter explicado como o Sol e todas as outras estrelas fazem parte de nós e dançam de forma eterna por um oceano infinito de negrume… Porque é que a Terra é redonda… Porque é que as marés mudam… O que são os átomos… O que significa ter borboletas no estômago… Como nascemos e porque morremos… Porque temos de chorar e porque rimos… Porque os peixes só respiram na água…

Gostava de te ter protegido quando te atacavam, de te ter aconchegado quando não tinhas travesseiro, de te ter enxugado as faces quando tudo parecia não ter solução. Por mais que os meus desejos sejam formulados com sinceridade e com a força de quem quer voltar atrás no tempo e corrigir tudo isso… Sou impotente… Sou incapaz!

Reduzo-me à minha simplicidade mortal, os olhos ardem-me, as mãos doridas já não têm mais o poder de carregar com um céu azul para ti. Cedem os ombros, rasgam-se os tríceps, trapézios, lombares, toda a arquitectura desaba e debaixo do peso da tua realidade jaz um Atlas derrotado. Se tivesse chegado mais cedo… Tivesse Moros visto onde eu teria de estar na altura certa e não precisaria agora de questionar-me sobre as suas flechas. Mas o que é passado será para sempre parte do presente, jamais poderá ser apagado ou esquecido. Ficou gravado.

O Sol é negro e os dias escuros, foi assim que os aprendeste. A Terra é plana e a Lua é apenas um acessório num cenário de fundo preto, assim o acreditas Tu tão cega e surda que até do olfacto pareces incapaz, pois nem o cheiro do Amor te desperta para a direcção correcta.

Tivesse eu chegado a tempo… Se o tivesse?

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